Entregas acontecem em abrigos, asilos e pessoas que precisam de ajuda.
Ronald recebe as doações e presta contas nas redes sociais.
RonaldLee faz doações durante todo ano e se veste de papai noel no mês de dezembro (Foto: RonaldLee Roque/Arquivo Pessoal)
Com a função de oferecer amor e solidariedade sem nada receber em troca, Ronaldolee Roque, de João Pessoa, é um papai noel de olhinhos puxados e nenhuma barba que transforma a vida de muitas pessoas durante o mês de dezembro - e no restante do ano -, desde 2005. No início, Ronald, como é mais conhecido, doou 20 carrinhos, 10 bonecas e 10 cestas básicas. Mas com o tempo, a solidariedade cresceu e abraçou mais lugares. Hoje, o papai noel já prepara 25 cestas básicas, 30 pacotes de fraldas e mais de 200 brinquedos entre novos e usados, além de roupas usadas, sabonetes e cremes dentais. Até a última entrega, Ronald ainda espera mais doações.
Atualmente, Ronald, de 41 anos, é funcionário público, mas já foi músico, mecânico e hoje faz de tudo para permitir que os outros sobrevivam. A sua função nesse mundo é doar, não apenas receber.
A história é baseada em ficção, mas a realidade é bem mais bonita de se ver. Assistindo a um filme com a filha, Ronald resolveu jogar fora toda essa comodidade de ficar em casa sem nada fazer pelo outro. “Resolvi então fazer a minha pequena parte”, disse. Começou a entregar cestas básicas a famílias humildes que encontrava na rua. Rodou a cidade de João Pessoa, de mãos dadas com a filha, presenteando crianças com brinquedos. No ano seguinte, Ronald era papai noel e a filha, uma duende.
Para explicar à filha que, na época, tinha apenas dois anos de idade, o motivo pelo qual aquelas pessoas estavam em situações vulneráveis era mais difícil do que conseguir as doações. Atenta, a pequena talvez não entendesse bem porque algumas pessoas não trabalhavam ou não tinham condições de estudar, mas prestava bem atenção e nutria sempre a necessidade de ajudar os mais carentes.
No segundo ano de solidariedade, Ronald começou a pesquisar locais próximos à sua casa e encontrou uma casa de apoio a crianças e adultos do Sertão que chegavam em João Pessoa para fazer tratamento de câncer. Conheceu também uma creche, no bairro do Rangel. Esses foram os primeiros lugares a conhecerem de perto a mão companheira de Ronald.
De asilos a abrigos, não há limites para solidariedade
Com o decorrer dos anos e das doações, Ronald deixou de tirar do seu próprio bolso o financiamento dos presentes, já que as ajudas começaram a aumentar. Dessa forma, para não parar de alegrar a vida de outras pessoas, começou a divulgar as entregas e receber apoio de quem gostaria de ajudar.
Com o decorrer dos anos e das doações, Ronald deixou de tirar do seu próprio bolso o financiamento dos presentes, já que as ajudas começaram a aumentar. Dessa forma, para não parar de alegrar a vida de outras pessoas, começou a divulgar as entregas e receber apoio de quem gostaria de ajudar.
Sempre que alguém faz uma doação, principalmente se for em dinheiro, Ronald faz questão de prestar contas, colocando as imagens das entregas nas redes sociais. Também como uma forma de agradecimento, ele mantém desde 2005 uma rede de solidariedade que sempre se renova. Quem quiser ajudar, basta estender a mão e entrar na roda.
Dessa forma, ele conseguiu em 2015, por exemplo, a doação de 23 cadeiras de rodas destinadas a Aspadef, Vila Vicentina, Hospital Padre Zé e casa de repouso Nosso Lar. Esse ano, conseguiu 15 doações de cadeiras.
Cadeiras de rodas foram entregues na Vila Vicentina, Hospital Padre Zé e casa de repouso Nosso Lar (Foto: Rona)
Com um histórico grandioso de generosidade. Ronald começou a fazer campanhas individuais, para ajudar determinadas pessoas. Como fez doações em diversos lugares, os responsáveis pelas instituições ficaram com o seu contato e, quando não conseguem alguma doação, chamam o papai noel do ano inteiro para divulgar o que está faltando.
"O negócio é ajudar"
O sentimento é de realização e completude. Não se cansa, é uma escolha de vida. Conter a emoção, muitas vezes, é difícil. Sendo papai noel há 11 anos, Ronald já viu bebês completarem 6 anos de idade. Viu o próprio crescimento e o de outras pessoas, cresceu na idade, mas principalmente, na consciência. “Idosos me abraçam e dizem que faz vinte anos que ninguém vai visitar e começam a cantar pra mim”, contou.
O sentimento é de realização e completude. Não se cansa, é uma escolha de vida. Conter a emoção, muitas vezes, é difícil. Sendo papai noel há 11 anos, Ronald já viu bebês completarem 6 anos de idade. Viu o próprio crescimento e o de outras pessoas, cresceu na idade, mas principalmente, na consciência. “Idosos me abraçam e dizem que faz vinte anos que ninguém vai visitar e começam a cantar pra mim”, contou.
Com as crianças, o primeiro contato é de susto e medo. Aos poucos, abraça, oferece presentes e, em poucos minutos, já tem vários pequenos abraçando as suas pernas, sorrindo de graça e distribuindo felicidade sem motivos.
Ronald quer envelhecer fazendo esse trabalho voluntário. Mesmo com as dificuldades que aumentam a cada ano, nunca perde a fé na solidariedade dos amigos. Algumas pessoas não têm condições de doar e chegam a pedir até desculpas por não ajudar. “Você tendo essa sinceridade me ajudou ainda mais a continuar a fazer isso, agradeço e sigo fazendo do jeito que eu posso, com muito ou com pouco, o negócio é ajudar”, é a resposta que ele usa.
Muitas doações são feitas em asilos e casas de acolhimento para idosos (Foto: RonaldLee Roque/Arquivo Pessoal)
Contribua com as próximas entregas
Ronald começou o mês de dezembro com o pé direito. No dia primeiro, esteve na Associação Novo Horizonte, que acolhe crianças, fazendo doações e entregando presentes. No dia 7 de dezembro, o Lar da Providência foi a grande privilegiada por receber a ajuda do papai noel.
Ronald começou o mês de dezembro com o pé direito. No dia primeiro, esteve na Associação Novo Horizonte, que acolhe crianças, fazendo doações e entregando presentes. No dia 7 de dezembro, o Lar da Providência foi a grande privilegiada por receber a ajuda do papai noel.
Mas quem quiser doar, ainda dá tempo. Há sempre uma mão estendida esperando a sua. Neste sábado (17), o papai noel esteve no asilo Aspan, entregando fraldas geriátricas, cestas básicas, lanches e compartilhando amor e alegria entre os idosos.
Na próxima terça-feira (20), o papai noel visita a creche Amiguinhos, no bairro do Róger, com 51 crianças, levando brinquedos, fraldas infantis e cestas. As doações ainda não estão completas, então quem ainda quiser ajudar, basta entrar em contato com Ronald.
Na quarta-feira (21), 65 idosos da Vila Vicentina recebem a visita do papai noel com fraldas geriátricas, cestas básicas, roupas e produtos de higiene pessoal. Na quinta-feira (22), é a vez do Lar da Criança, no bairro Treze de Maio, receber material escolar para 25 crianças. A semana se encerra com uma visita na Aspadef, também na quinta-feira, com a entrega de cestas básicas para as famílias que têm paciente fazendo tratamento na instituição.
Com isso, fica apenas uma lição: fazer a diferença. “Eu aprendi na vida que não adianta ser mais ou guardar as coisas só para você. Temos que ser diferentes, fazer diferente. Nada melhor do que ajudar o próximo, ser correto, solidário, fraterno, minha mãe diz que eu sempre fui assim, sempre dividi as coisas”, relatou Ronald.